terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Abrindo uma conta bancária na Itália

Ciao a tutti,
Gente esse post é só lamúria, das grandes! Mas tem final feliz, e seu percurso seria cômico se não fosse trágico. Vocês estão a fim de morar fora do nosso amado Brasil? Estão? Pois cari amici saibam que nem tudo são flores. Vir como turista é uma coisa, mas vir como residente tem um preço emocional muito grande.
Tudo começou quando passei de turista dos primeiros dias a residente na primeira semana. Dentre as inúmeras burocracias que eu tinha que resolver uma delas era abrir uma conta corrente em um banco na Itália para receber a minha bolsa de estudos.
Depois da maratona para fazer o Permesso di Soggiorno, eu fui tentar abrir uma conta em um banco. Pois bem. No primeiro que entrei fui atendida de imediato por uma senhora simpática que olhou meus papéis e disse: "Infelizmente não posso abrir a sua conta". Explicações: Segundo ela eu não poderia abrir a conta porque eu ainda não tinha o Permesso di Soggiorno definitivo. Mas isso eu não podia mudar já que a Questura (Polícia) só agendou comigo em abril. Sai de lá triste, com a cabeça cheia de perguntas, mas ainda esperançosa de outro banco me aceitar. No outro dia (numa sexta-feira) fui a outro banco aqui no meu bairro. Fui novamente bem atendida, o senhor tirou fotocópias do meu Passaporte, Permesso, Codice Fiscale, e os papéis da Capes, pegou meu telefone e nunca mais me ligou. Voltei na agência bancária na segunda e o tratamento já foi diferente. Uma senhora me atendeu e disse que não poderia abrir uma conta de apenas cinco meses. Na verdade ela queria mesmo era dizer que o banco dela não tinha interesse nenhum na minha pessoa como cliente. Guilherme já nervoso, e falando em português, disse: "Sil pergunta a essa mulher se a gente fosse rico e tivesse um milhão ela abria uma conta de um dia para gente?". Peguei meus papéis coloquei na mochila sai do banco e chorei, assim como na foto abaixo porque  eu sou fina (kkk).



Mas a minha vontade era de chorar assim:


Pois bem, amigos aguardem que tem mais, muito mais. A senhora da segunda agência disse: "Vou te dar um conselho; tente abrir uma conta na Poste Italiana, lá é menos burocrático e vão aceitar uma conta de 5 meses". Ok. No outro dia fui a Poste. Lá conversei com outra senhora que pediu para ver meus papéis e disse: Tá tudo certo, posso abrir sim sua conta de súbito (na hora), se... (pronto lá vem o se) você me trouxer o seu Codice Fiscale validado pela Agenzia delle Entrate. Recapitulando para vocês: o Codice Fiscale  é como o nosso CPF. O meu foi expedido ainda no Brasil no Consulado da Itália em Recife. Mas como a burocracia é grande e as informações entre os diversos órgãos públicos na Itália é sofrida, eu tive que ir novamente fazer meu Codice. No outro dia peguei o ônibus para Trastevere e cheguei na Agenzia delle Entrate as 11:30. Estava fechado. O porteiro disse: "Volte as 14:00h". As 13:40 voltei para a Agenzia e me deparei com uma multidão do lado de fora esperando sua vez para entrar. Detalhe, todos eles com um papel amassado na mão. Quando olho na porta vejo um papel ofício rasbicado com números que eram senhas, a última era a minha, nº 50. Gente, eu ia ficar sem ser atendida tendo chegado as 11:30. Bem, na Agenzia delle Entrate, eu peguei uma senha, para pegar uma senha, e aí vai... Guila, vendo a minha agonia começou a fazer piadas com a burocracia italiana pra me acalmar dizendo que o senhor que iria me atender na Angezia, ia dizer que eu tinha que pegar um papel em Fiumicino (Aeroporto de Roma, longe pra danado), depois eu ia ter que ir em Lisboa pra pegar  um outro papel, e em Lisboa iam dizer que eu tinha que pegar no Brasil. Pessoal, essa piada não teve graça, na hora eu ri muito, mas depois começei a tremer. Mas na Angezia foi tudo maravilhoso, fui rapidamente atendida por um senhor que enquanto filosofava sobre o meu sobrenome Patriota, fazia meu Codice. 
Sai de lá feliz e no outro dia fui a Poste, pois já tinha hora marcada para abrir a conta (aqui só com hora marcada, viu!). Mas, houve mais uma reviravolta: fui atendida por outra mulher que não era a primeira, e esta disse que faria de subito (estou odiando esta palavra) minha conta, se eu trouxesse a minha Carta di Identità (RG). Falei: "Mas eu não sou cidadã italiana, eu posso ter esta Carta"? - "Sim, pode, você vai na Comune di Roma e pronto". Chiquinha de novo:


Eu não sabia mais o que fazer, não via mais luz no fim do túnel. Como é que vou abrir uma conta se não posso ter a Carta di Identità? Falei com nosso vizinho italiano e ele disse: "Ma come? Como eles te pedem uma coisa dessas? Deixa eu voltar de viagem que a gente vai junto". Quando ele voltou, fomos a Poste novamente e fui atendida pela primeira moça. Ela pediu desculpas e disse que a outra senhora não sabia bem o procedimento e que eu poderia voltar na segunda que abriria de subito.
Voltei amigos, morta de feliz, com aquela sensação de "agora vai". Mas sabem o que aconteceu? Quando ela começou a preencher meus dados no formulário de abrir contas no computador, o SISTEMA, não aceitava meus dados. Dava erro, dizia que a minha província de nascimento, Ceará, não existia. Socorroooooooooo. Depois de várias tentativas, aquela velha frase que nós todos conhecemos: "Infelizmente não posso abrir sua conta, mas tem outro banco ali na esquina, pode ser que lá dê certo".  Chiquinha de novo!
Corri para este outro banco, entreguei meus papéis novamente, e a mesma resposta: "Infelizmente não podemos abrir uma conta de cinco meses". Dessa vez não teve Chiquinha não! Eu estava mesmo era com raiva, muita raiva. Peguei meu papéis novamente e voltei para casa. Conversei com Guilherme e nossa última esperança era pedir ajuda a um amigo dele que trabalha no Ministério das Relações Exteriores daqui. Esse homem, está sendo nosso anjo da guarda em Roma. Na mesma hora, através de suas boas relações, ele conversou com o gerente do banco sediado no Ministério e solucionou o caso. Ehhhh, agora eu tenho uma conta de banco em Roma e finalmente posso pensar no que eu realmente vim fazer aqui: a minha pesquisa de doutorado.
Então se você me perguntar o que é preciso para abrir uma conta na Itália eu não saberia lhe dizer. Em cada banco que fui me pediram algo diferente, mas todos os bancos pediram o Codice Fiscale.
Pois bem amigos esta foi a minha saga para abrir uma conta bancária, agora eu posso rir de tudo isso. Depois de uma dessas, Chiquinha não volta nunca mais.




3 comentários:

  1. hahaha! mama mia!!! porca miséria! como diria no ceará, provincia que não existe: djabo é isso, má??? ainda bem que já resolveu, sil!!! agora é só sorrisos: recebendo em euro, hein, bichinha?! hehehe :***

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    1. Tu acha Flora, o meu Ceará não existir? Esse povo não conhece a Cajuína, kkk. Mas agora tudo certo, ainda bem. bjs

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  2. Olá Sil, como você, também sou cearense e também vim fazer um doutorado di ricerca na Sapienza de Roma! Cheguei em agosto e fico até abril.
    Adorei encontrar seu blog, enquanto procurava informações sobre transportes em Roma. A sua saga me animou muito e a par de todas as dificuldades sinto que tudo vai dar certo. Parabéns por todas as suas conquistas!
    Um forte abraço de uma conterrânea em terras italianas!
    Dia

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