terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Abrindo uma conta bancária na Itália

Ciao a tutti,
Gente esse post é só lamúria, das grandes! Mas tem final feliz, e seu percurso seria cômico se não fosse trágico. Vocês estão a fim de morar fora do nosso amado Brasil? Estão? Pois cari amici saibam que nem tudo são flores. Vir como turista é uma coisa, mas vir como residente tem um preço emocional muito grande.
Tudo começou quando passei de turista dos primeiros dias a residente na primeira semana. Dentre as inúmeras burocracias que eu tinha que resolver uma delas era abrir uma conta corrente em um banco na Itália para receber a minha bolsa de estudos.
Depois da maratona para fazer o Permesso di Soggiorno, eu fui tentar abrir uma conta em um banco. Pois bem. No primeiro que entrei fui atendida de imediato por uma senhora simpática que olhou meus papéis e disse: "Infelizmente não posso abrir a sua conta". Explicações: Segundo ela eu não poderia abrir a conta porque eu ainda não tinha o Permesso di Soggiorno definitivo. Mas isso eu não podia mudar já que a Questura (Polícia) só agendou comigo em abril. Sai de lá triste, com a cabeça cheia de perguntas, mas ainda esperançosa de outro banco me aceitar. No outro dia (numa sexta-feira) fui a outro banco aqui no meu bairro. Fui novamente bem atendida, o senhor tirou fotocópias do meu Passaporte, Permesso, Codice Fiscale, e os papéis da Capes, pegou meu telefone e nunca mais me ligou. Voltei na agência bancária na segunda e o tratamento já foi diferente. Uma senhora me atendeu e disse que não poderia abrir uma conta de apenas cinco meses. Na verdade ela queria mesmo era dizer que o banco dela não tinha interesse nenhum na minha pessoa como cliente. Guilherme já nervoso, e falando em português, disse: "Sil pergunta a essa mulher se a gente fosse rico e tivesse um milhão ela abria uma conta de um dia para gente?". Peguei meus papéis coloquei na mochila sai do banco e chorei, assim como na foto abaixo porque  eu sou fina (kkk).



Mas a minha vontade era de chorar assim:


Pois bem, amigos aguardem que tem mais, muito mais. A senhora da segunda agência disse: "Vou te dar um conselho; tente abrir uma conta na Poste Italiana, lá é menos burocrático e vão aceitar uma conta de 5 meses". Ok. No outro dia fui a Poste. Lá conversei com outra senhora que pediu para ver meus papéis e disse: Tá tudo certo, posso abrir sim sua conta de súbito (na hora), se... (pronto lá vem o se) você me trouxer o seu Codice Fiscale validado pela Agenzia delle Entrate. Recapitulando para vocês: o Codice Fiscale  é como o nosso CPF. O meu foi expedido ainda no Brasil no Consulado da Itália em Recife. Mas como a burocracia é grande e as informações entre os diversos órgãos públicos na Itália é sofrida, eu tive que ir novamente fazer meu Codice. No outro dia peguei o ônibus para Trastevere e cheguei na Agenzia delle Entrate as 11:30. Estava fechado. O porteiro disse: "Volte as 14:00h". As 13:40 voltei para a Agenzia e me deparei com uma multidão do lado de fora esperando sua vez para entrar. Detalhe, todos eles com um papel amassado na mão. Quando olho na porta vejo um papel ofício rasbicado com números que eram senhas, a última era a minha, nº 50. Gente, eu ia ficar sem ser atendida tendo chegado as 11:30. Bem, na Agenzia delle Entrate, eu peguei uma senha, para pegar uma senha, e aí vai... Guila, vendo a minha agonia começou a fazer piadas com a burocracia italiana pra me acalmar dizendo que o senhor que iria me atender na Angezia, ia dizer que eu tinha que pegar um papel em Fiumicino (Aeroporto de Roma, longe pra danado), depois eu ia ter que ir em Lisboa pra pegar  um outro papel, e em Lisboa iam dizer que eu tinha que pegar no Brasil. Pessoal, essa piada não teve graça, na hora eu ri muito, mas depois começei a tremer. Mas na Angezia foi tudo maravilhoso, fui rapidamente atendida por um senhor que enquanto filosofava sobre o meu sobrenome Patriota, fazia meu Codice. 
Sai de lá feliz e no outro dia fui a Poste, pois já tinha hora marcada para abrir a conta (aqui só com hora marcada, viu!). Mas, houve mais uma reviravolta: fui atendida por outra mulher que não era a primeira, e esta disse que faria de subito (estou odiando esta palavra) minha conta, se eu trouxesse a minha Carta di Identità (RG). Falei: "Mas eu não sou cidadã italiana, eu posso ter esta Carta"? - "Sim, pode, você vai na Comune di Roma e pronto". Chiquinha de novo:


Eu não sabia mais o que fazer, não via mais luz no fim do túnel. Como é que vou abrir uma conta se não posso ter a Carta di Identità? Falei com nosso vizinho italiano e ele disse: "Ma come? Como eles te pedem uma coisa dessas? Deixa eu voltar de viagem que a gente vai junto". Quando ele voltou, fomos a Poste novamente e fui atendida pela primeira moça. Ela pediu desculpas e disse que a outra senhora não sabia bem o procedimento e que eu poderia voltar na segunda que abriria de subito.
Voltei amigos, morta de feliz, com aquela sensação de "agora vai". Mas sabem o que aconteceu? Quando ela começou a preencher meus dados no formulário de abrir contas no computador, o SISTEMA, não aceitava meus dados. Dava erro, dizia que a minha província de nascimento, Ceará, não existia. Socorroooooooooo. Depois de várias tentativas, aquela velha frase que nós todos conhecemos: "Infelizmente não posso abrir sua conta, mas tem outro banco ali na esquina, pode ser que lá dê certo".  Chiquinha de novo!
Corri para este outro banco, entreguei meus papéis novamente, e a mesma resposta: "Infelizmente não podemos abrir uma conta de cinco meses". Dessa vez não teve Chiquinha não! Eu estava mesmo era com raiva, muita raiva. Peguei meu papéis novamente e voltei para casa. Conversei com Guilherme e nossa última esperança era pedir ajuda a um amigo dele que trabalha no Ministério das Relações Exteriores daqui. Esse homem, está sendo nosso anjo da guarda em Roma. Na mesma hora, através de suas boas relações, ele conversou com o gerente do banco sediado no Ministério e solucionou o caso. Ehhhh, agora eu tenho uma conta de banco em Roma e finalmente posso pensar no que eu realmente vim fazer aqui: a minha pesquisa de doutorado.
Então se você me perguntar o que é preciso para abrir uma conta na Itália eu não saberia lhe dizer. Em cada banco que fui me pediram algo diferente, mas todos os bancos pediram o Codice Fiscale.
Pois bem amigos esta foi a minha saga para abrir uma conta bancária, agora eu posso rir de tudo isso. Depois de uma dessas, Chiquinha não volta nunca mais.




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Acqua Potabile Gratuito Per Tutti




Um exemplo que todo o mundo deveria seguir da tradição romana é a paixão e o respeito pelas águas. É possível se refrescar e tomar água potável em 2.500 fontes espalhadas por toda cidade, além de poder beber água da torneira sem nenhum constrangimento ou medo de se contaminar (?). Já na antiguidade a construção de 11 aquedutos transformou a cidade em uma das mais bem abastecidas do mundo, fazendo jorrar sem parar milhões e milhões de metros cúbicos de água. A paixão é tanta que em 97 dC o engenheiro romano Sextus Julius Frontinus escreveu o primeiro livro sobre abastecimento de água da história, tendo ele, por sete anos, sido o responsável pelos recursos hídricos da cidade – o livro descreve o abastecimento de água neste período, no qual Roma já tinha 1.200.000 habitantes. Ainda, historiadores descrevem, que quando visitantes importantes chegavam aqui eram convidados a ver as maravilhas proporcionadas pelos aquedutos, e quando conquistavam alguma cidade procuravam logo saber dos recursos e das possibilidades hídricas das mesmas. Frontinus comparava as obras hídricas romanas as pirâmides egípcias e as grandes obras gregas, dizendo: “Comparem tantas estruturas tão necessárias ao transporte de água com as pesadas e evidentemente ociosas pirâmides, ou mesmo com as obras gregas: celebres, ainda que inertes”. Com o saque dos Godos, no século VI, o abastecimento foi cortado, pondo fim aos tradicionais banhos romanos. No entanto, no século XVI, os Papas resolveram o problema mandando recuperar os aquedutos e enchendo a cidade de maravilhosas fontes, celebrando suas próprias magnificências e o poder dos pontífices. Mas, o mais importante a saber é que as inúmeras fontes e os inúmeros “nasoni” – tubos em forma de grande nariz por onde escoam as águas – continuam vivos a jorrar água pelos quatro cantos da cidade, levando alegria a população local e a qualquer turista que chega a cidade, possibilitando o acesso a água potável e de ótima qualidade para todos e, o melhor, de graça todas as horas.
Segue abaixo um pequeno vídeo exemplificando o funcionamento dos “Nasoni” aqui em Roma – é só beber direto ou fazer como a gente: levar sempre uma garrafinha para encher e se hidratar. 



Abraços para todos.

La Paura Dell`Altro



Roma é conhecida pelas ruínas do antigo império, por suas alamedas medievais, por suas fontes barrocas e por seus palácios renascentistas, no entanto a produção artística mais recente também é bem absorvida e explorada pelos sujeitos romanos e pela multidão de turistas que circulam cotidianamente em suas vias. Do brasileiro/pernambucano Romero Brito – que por sinal toma as ruas da cidade com placas publicitárias – à síntese da produção americana a partir dos anos de 1940, passando pela “Digital Life 2” (no tradicional bairro de Trastevere) e pelos jovens grafiteiros italianos, podemos observar sim ares de contemporaneidade artística sendo exposta na cidade. Como moradores recentes, e de passagem, resolvemos percorrer este universo atual da arte que se expõem em Roma. Começamos pela exposição “La Paura Dell`Altro”, uma dobradinha de dois artistas de Turim, de gerações distintas, que demonstram suas representações pessoais do medo. Com cinco grandes telas de Sergio Ragalzi e a pesquisa escultural de Paolo Grassimo, o projeto conceitua o medo na base da comparação com o outro, na premissa necessária do processo de criação e no diálogo entre o artista e o mundo exterior. Sem mais delongas, fizemos imagens da exposição que se encontra na Sala Santa Rita (Via Montanara – Roma) de 10 de fevereiro a 01 de março de 2012, para vocês tirarem suas próprias conclusões – segue vídeo abaixo.



Posteriormente, traremos outros posts com novas representações artísticas contemporâneas em Roma.
Abraços a todos.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Roma Termini




Projetada por Salvatore Bianchi e construído em 1867, “Roma Termini” é a maior estação integrada de Roma. Circulam diariamente aproximadamente 480.000 pessoas, tendo importância fundamental para o fluxo municipal, regional, nacional e internacional de passageiros. Passando por um processo continuo de reformas, a estação tal como se encontra hoje foi concluída em 1950, ocupando uma área de 225.000 m² no coração da cidade e com aproximadamente 119.000.000 de euros investidos para sua conclusão. Aqui é possível encontrar um gigantesco número de ônibus que vão para os mais diversos bairros e pontos turísticos da cidade, além dos ônibus que seguem para os aeroportos e para outras cidades italianas e também outros países; Ainda, as linhas de metrô A e B – as principais que fazem um X na cidade – se encontram aqui, criando um sistema de baldeação que possibilita passageiros se movimentarem pelos quatro cantos da cidade com um único bilhete; Também aqui estão as principais estações de trens da cidade, do estado, do país e trens internacionais, assim como os bondes. O Termini comporta em suas dependências um shopping com lojas de roupas e calçados, supermercados, farmácias, Poste – correio italiano -, bancos, restaurantes, lanchonetes, cafés, tabacchis, bancas de revistas e jornais, companhias telefônicas, delegacias de policia e uma enorme quantidade de outros tipos de comércio que atendem ao grande número de frequentadores diários. É uma verdadeira diversidade de línguas, estilos e fisionomias que se encontram todos os dias em seus corredores. Escolhemos este local para ser nossa primeira parada (Hotel Filippo) exatamente pelas facilidades que poderíamos encontrar nos cinco dias iniciais de nossa estadia. A multiculturalidade é tão grande que no primeiro dia que fomos ao supermercado, dentro da estação, encontramos e conhecemos duas professoras paraibanas, de João Pessoa, fazendo compras ao nosso lado – com a mesma dúvida: como pesar as frutas. A região que circula o Termini é conhecida com Chinatown, pelo grande número de chineses que habitam e/ou tem comércio por aquelas áreas. Porém, além dos chineses, outros orientais – principalmente paquistaneses e indianos -, africanos e sujeitos do leste europeu – muitos ciganos – ocupam diariamente as áreas do Termini como se fossem suas próprias casas: vendendo bugigangas, pedindo dinheiro e cigarros ou, simplesmente, querendo ler sua mão. Fizemos algumas imagens, que seguem abaixo, para ilustrar mais um pouco como é o Termini.



Abraços para todos.

Il luogo della bellezza: Il Pantheon.


Ciao a tutti,
Este post vem meio atrasado, mas o que vale é compartilhar com vocês nossa visita a um dos mais belos cenários de Roma - 0 Pantheon. No dia 20/02 saímos para conhecer a loja que vende materiais de pintura chamada Ditta G. Poggi, que Guilherme descobriu pesquisando na net. Como não tiramos fotos, eu deixo aqui o link que fala dessa loja que é uma perdição para quem trabalha com artes plásticas: (http://www.mochilabinaria.com.br/materiais-para-arte-e-pintura-em-roma/). Só que cari amici, não foi muito fácil chegar a essa loja não! Eu tive que gastar todo o meu italiano perguntado onde seria esta Ditta G. Poggi. A  loja fica numa esquina, de fora você não dá nada por ela, por dentro ela é tão colorida, tão cheia de pincéis, lápis, tintas, papéis de todos os tamanhos e texturas que você não quer mais sair de lá. No fim Guila comprou algumas canetas e um bloco de papel que cabia no nosso bolso furado (€).
Pronto, agora podíamos andar despreocupados com a hora. Seguimos por algumas ruas e finalmente chegamos a Piazza della Rotonda onde fica o Pantheon. Esta Piazza tem uma fonte e em frente a esta fica o Pantheon. Das muitas coisas  belas que já vi por aqui, sem dúvida o Pantheon estará nos primeiros lugares. Ele data de 118-25 d.C. e foi construído pelo imperador Adriano para substituir o antigo templo que Marco Agripa construiu em 27 a.C. e que foi destruído por um incêndio. É ernorme, e o frontão triangular é sustentando por 16 colunas de granito rosa e cinza. O seu interior é todo recoberto de mármore e o chão é de granito vermelho e amarelo. A sua cúpula mede 43, 3 m e no centro há o óculo  (orifício) com 8,3 m de diâmetro que permite a entrada da luz, chuva e neve. O templo em sua origem foi dedicado a todos os deuses e em 608 o Imperador Bizantino Focas doou o Pantheon ao papa Bonifácio IV que o consagrou em 609 como a Basilica di Santa Maria ad Martyres. Vejam aqui o site do Patheon (http://www.pantheonroma.com/it/home.html). Então além de uma obra de arte e de engenharia o Pantheon é uma igreja, portanto, é recomendável trajes adequados e silêncio. Nos vídeos e fotos abaixo o Pantheon e a Fontana di Piazza della Rotonda.  









Como estava chovendo podemos ver a água da chuva entrado pelo óculo e molhando o chão de mármore que ficou ainda mais brilhoso. Gente eu fico pensando se tivéssemos tido a oportunidade de ver a neve cair pelo óculo, aiiii, ia ser lindo demais! Quem sabe no futuro! Olha aí o tão falado óculo em foto e vídeo:



A atmosfera do Pantheon é tão misteriosa, o espaço é tão grande e sereno que nem mesmo centenas de turistas barulhentos retiram dele essa aura de beleza, história e longevidade. Eu pensava: estava pisando numa das construções humanas mais antigas que eu já havia pisado e imaginava quantas pessoas, ao longo dos séculos, haviam por ali passado. Vejam o vídeo abaixo da parte interna do Pantheon:


Mas o Pantheon não é apenas uma Igreja e espetáculo arquitetônico e artístico. No início do Renascimento ele passou a ser também última morada de personalidades ilustres como o rapaz da foto abaixo. Vocês sabem quem é ele? 

                                                                                                                                          Auto-retrato (1506) - Rafael Sanzio
Rafael, ele mesmo, o grande mestre da pintura e arquitetura da escola de Florença, que junto com Michelangelo e Leonardo da Vinci formam a tríade dos grandes mestres do Renascimento. Gente esse homem só podia ser mesmo enterrado no Pantheon, concordam comigo?! Quer lugar mais belo poderia receber um dos artistas mais virtuosos se não o Pantheon? Seu túmulo repousa sob a Madona di Lorenzetto e no seu epitáfio foi colocado uma frase do poeta Pietro Bembo que diz: "Aqui jaz Rafael, pelo qual a natureza temeu ser ultrapassada enquanto vivia, mas agora que ele se foi, teme morrer". Vejam abaixo o vídeo que Guilherme fez:





Mas não é só Rafael que descansa no Pantheon. Por lá também estão enterrados os pintores Annibale Carracci e Baldassare Peruzzi. Entre reis e rainhas italianos descasam também no Pantheon, Humberto I, Vítor Emanuel II e Margarida de Saboia.
Para finalizar eu tenho só mais uma coisinha a dizer: a visitação ao Pantheon é gratuita, então fica melhor ainda, não é?
bracci e a presto.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Mercato di Porta Portese




A feira de Porta Portese é a maior feira livre de Roma. Lá pudemos ver a maior diversidade de produtos que um mercado/feira pode oferecer. Tem de tudo: roupas, calçados, joias, antiguidades, arte, comida, bicicletas, instrumentos – não profissionais -, cd’s, livros, dvd’s, cosméticos, guarda-chuva, capas, brinquedos, adubos... Nossa! É uma quantidade absurda de produtos de todas as qualidades e procedências, vendidas por italianos, indianos, paquistaneses, africanos, chineses... Tudo no meio das ruas, numa extensão de nem sei quantos quilômetros. Depois da festança da noite de sábado, sem ressaca pela qualidade do vinho, acordamos muito cedo, pegamos o ônibus e partimos para Trastevere. A feira começa as 6h e termina por volta das 14h – na semana anterior chegamos tarde por conta de compromissos e acabamos por pegar apenas o varrer das ruas -, e o horário das 11h nos pareceu o mais justo, dado que os preços caem vertiginosamente – já estávamos ligados. Chegamos as 9h, com o intuito de percorremos todas as “bancas” e só comprarmos algo no momento do retorno do percurso, pois já seria a hora ideal para compras – importante saber que, por vezes aquele produto que você avistou na ida poderá já não estar mais lá na volta. Ficamos maravilhados com tudo, principalmente com os preços (lembramos de Marcelo e Yuska, mais uma vez, quando nos disseram que na Europa: - com duzentos euros vocês trazem as roupas, as malas e o guarda-roupas se for possível – ai se tivéssemos duzentos euros!). É possível comprar casacos a 3 euros, camisas a 0,50 euros, tênis das melhores marcas por 15 euros, perfumes a 10 euros, e várias bugigangas com um precinho camarada, lógico, se você tiver essa grana viva, não adianta ter cartão. Além dos produtos, Porta Portese é frequentada por todas as pessoas: dos italianos aos turistas que visitam Roma – e como ambos não são poucos a feira é um verdadeiro aglomerado de humanos a caminhar indo e voltando. A palavra aqui é pechinchar, pois eles estão abertos a qualquer choradeira com o intuito de vender. Quando se fala em preço, e como eles podem praticar estes valores, me vem a cabeça o livro “Gomorra” de Roberto Saviano (serve como dica de leitura, ganhei de Vinicius, diretor executivo da Fundarpe, antes de vir para a Itália e este é um livro maravilhoso, valeu Vinícius!). Por volta das 11h a fome atacou e, já que estávamos no mercado, resolvemos experimentar as iguarias que estavam na rua mesmo. Compramos um sanduíche, que até agora não sabemos do que era feito, e comemos deliciados – muito bom, carne (?) com uma infinidade de ervas e verduras e um pão parecendo sírio. Voltamos a caminhar na feira, na busca de comprar alguns utensílios básicos que nossa casa estava necessitando e um casaquinho qualquer que pudesse enganar melhor aquele frio enorme. Resultado: gastamos o mínimo de euros, suados e chorados, e saímos de lá com tudo que queríamos e muito mais, com direito a um mimo para Silvana, pois ela merece.

(Depois teremos novidades sobre o mercado de roupas de Roma: ele não é aqui)

Abaixo postamos algumas imagens para ilustrar o tumulto de Porta Portese.




Bjs para todos.

Festa degli amici


Olá a todos!
Na noite do dia 18 de fevereiro, após o Carnevale a Roma, fomos convidados por nossos amigos italianos para uma saída noturna. Claro, fomos, dado que ainda não tínhamos saído acompanhados por ninguém local para conhecer as atrações noturnas romanas. Mas não acreditamos no que realmente estava acontecendo. Nossos amigos e anfitriões aqui em Roma (Roberto e Alex Falvo), tinham preparado um encontro a “brasileira” na caput mundi para nos dar as boas vindas. Acompanhados de mais três italianos, uma Argentina e uma Portuguesa (todos residentes em Roma há vários anos) fomos ao “Brasil Café”, um ristorante e churrascaria com chefe brasileiro, para a “noite brasileira” em pleno carnaval (!!!!!!!!!). Foi muito curioso, interessante e, por alguns momentos, inacreditável observar a visão geral que se tem do Brasil por aqui: o que se come, o que se ouve, como se veste e o carnaval. Chegamos ao ristorante, mais ou menos, 23hs, dado que ficamos uma hora dentro do carro de Alex, em frente a estação de Metro San Paolo, esperando Pepe e “Donata” para leva-los conosco (segundo Alex Falvo, o atraso é uma característica Italiana) – neste momento ainda não sabíamos onde estávamos indo. O Brasil Café é um local bem frequentado, os Italianos adoram o Brasil, e também tem aquele calor que ainda não tínhamos sentido por aqui – local super fechado e muito bem aquecido para dar o clima brasileiro. Fomos logo recebidos com uma feijoada – já pensou 23hs? – e mais um rodízio de carnes e saladas brasileiras que não comíamos há dias, tudo regado, e ai os italianos não abrem mão, de ótimos vinhos. Foi uma maravilha, apesar das diversas aspas que abrimos durante a noite explicando aos nossos amigos o que era real e o que era fake, todos nós nos divertimos muito. (Hoje a senha para tudo aqui na Itália é “siamo brasiliani” – ao contrário do que muita gente diz e pensa, o brasileiro é muito bem visto e quisto aqui, até agora foi o que sentimos e percebemos). Mas, o mais engraçado e divertido de tudo foi a música: samba, samba rock [Jorge Bem é lei], pagode, rock, funk, axé, sertanejo,  e, e, e Michel Telô – eles piram com aquela única música. Nós, é claro, dançamos como há muito tempo não fazíamos, já pensaram? No Brasil Café tem dois dançarinos brasileiros – um alagoano e um baiano – que ensinam todos a dançar e puxam danças coletivas a noite inteira. Estamos sendo muito bem recebidos por aqui. A atenção de todos que conhecemos tem sido fantástica, eles nos cativam com pequenos e grandes gestos a cada dia e ficamos muito felizes com isso, pois temíamos o contrário. Roberto e Alex Falvo tem sido muito atenciosos com tudo; Riccardo – amigo que Aninha Wanguestel nos apresentou -, que ainda não pudemos encontrar, se comunica frequentemente para saber como estamos e todos os outros se preocupam da mesma forma. Senhores e senhoras de cafés, tabacchis, supermercados e etc, que frequentamos mais assiduamente, sempre continuam a conversa do dia anterior como se fôssemos da casa, muito bom! Postamos abaixo alguns trechinhos de vídeos desta agradável noite para vocês sentirem o clima.




Bjs para todos.

Carnevale a Roma.

Ciao amici festeiros do Brasil,

Sabato di carnevale a Roma, saudades do carnaval do Recife, e uma vontade grande de fazer alguma coisa por nós, decidimos dar uma voltinha em Roma para ver se esse povo Romano é chegado a des-ordem carnavalesca. O ponto final do nosso destino era a Piazza del Popolo, onde estava acontecendo várias manifestações culturais que pescamos no site oficial do carnevale romano (http://www.carnevale.roma.it/). Na primeira olhada no site eu fiquei logo empolgada e disse: esses romanos sabem se divertir! o carnaval deles começa em 11 e acaba em 21 de fevereiro, ecco! Destino traçado, fomos de metro até a parada do Colosseo e saímos andando até a Piazza del Popolo. Olha aí embaixo nosso trajeto a pé:



Sem destino rígido como sempre, (o que é sempre muito gratificante), nós tínhamos que chegar em umas das tre vie (três vias: Via di Ripetta, Via del Corso, Via del Babuino) que levam diretamente a Piazza del Popolo. Mas, comprovamos o ditado que "o caminho é que importa, não o seu fim". Pois bem, cari amici,  fomos parar na Via del Corso. Esta via no século XV serviu de pista de corrida de cavalos sem cavaleiros chamado "corsa dei barberi", por isso a via passou a se chamar del Corso. Ela é estreita, mas tem sentido duplo, e em toda sua extensão é apinhada de lojas de roupas (ai que loucura!). A Via del Corso, estava lotada, não cabia mais nem um parafuso, afinal era carnaval e carnaval tem que ter muvuca. Desviando das pessoas e charetes, começamos a escutar ao longe quem, quem? a música "Perfídia" do mexicano Alberto Domínguez que já foi gravada por Alçeu Valença, Altamiro Carrilho, Altemar Dutra, Trio Irakitan, Nat King Cole e etc e etc. Aceleramos o passo e na calçada mais a frente estava Tudor um senhor que toca acordeon, acompanhado por um violonista e um contra-baixista. De Perfídia eles passaram para música "Libertango" de Astor Piazzola. Compramos o Cd de Tudor e continuamos na Via del Corso.


Depois de alguns minutinhos escutamos outro som vindo de longe. Eu comecei a achar que já conhecia aquela melodia e quando cheguei perto tive certeza que era o sexteto romano chamado "Funkallisto", que Marcelo e Yuska já tinham nos apresentado. Este sexteto toca música instrumental e nasceu em 2004 no bairro boêmio de Trastevere. Ficamos ali escutando por alguns minutos e acabamos comprando também o novo Cd deles chamado "Soul Ragù". Quem quiser conhecer mais as músicas do Funkallisto pode acessar o site (http://www.funkallisto.net/it/sito-funkallisto9.swf) Abaixo uma provinha da música deles para vocês. 


Gente, abre  parênteses, até o dado momento nós não tínhamos bebido nenhuma cerveja de carnaval, e pelo "andar da carruagem" (kkk) parecia que isso não ia acontecer. O negócio era andar, andar, e ver algumas crianças fantasiadas  e ter estas lindas surpresas no percurso. Só que cari amici, não foi só o percurso que foi importante, mas a chegada foi demais da conta, sô! Pois então, eis que surge a tão esperada Piazza del Popolo. Esta Piazza apesar de bela foi palco de execuções públicas no século 18 e 19 como parte da celebração de carnaval (Bizarro demais, eu podia ter ido dormir sem saber de uma dessas!). Mas pessoal, guardadas as informações "sangrentas" eu não tenho outra coisa se não dizer que esta Piazza é um boccato di cardinale!* Nós ficamos tão extasiados que acabamos não fazendo um vídeo de 360º pra vocês. Esta Piazza é uma grande área oval pavimentada, onde fica a Chiesa di Santa Maria del Popolo, igreja  renascentista que foi encomendada em 1472 pelo papa Sisto IV, a Chiesa Santa Maria in Montesanto e a Chiesa Santa Maria dei Miracoli. Nesta Piazza há também três fontes: La Fontana della Dea Roma, La Fontana del Nettuno e La Fontana dell' Obelisco Flaminio. Vejam as fotos abaixo de duas das três fontes e do obelisco que tem em uma delas:


La Fontana del Nettuno                                                                                                    La Fontana dell' Obelisco Falminio
























Genteee, atenção para foto abaixo. Este é o obelisco que faz parte da Fontana dell' Obelisco Flaminio. O Obelisco de 3 mil anos  homenagea Ramsés 2º e tem 25 metros de altura. Foi trazido a Roma pelo Imperador Augusto para decorar o Circo Massimo depois que Roma conquistou o Egito. Em 1589 o papa Sisto V pediu a Domenico Fontana que erguesse o obelisco na Piazza del Popolo.
 Obelisco

Descrito o espaço, vamos ao que interessa, o carnevale na Piazza del Popolo. Abrindo, Silvana em frente ao banner do carnevale, kkk.


Neste dia de carnevale (18/02/2012) estava acontecendo o espetáculo "I cavalli di Roma - Arte equestre". Pessoal eu já disse a vocês acima das corridas de cavalo na Via del Corso, e portanto este espetáculo, apinhando de gente assistindo, nada mais era do que apresentações de cavalos fazendo passos e danças (hã?!). Amigos a antropologia serve nestas horas, vamos relativizar (digo isso pra mim mesmo! kk). Tinha tanta gente feliz e animada vendo estes cavalos que lembrei logo das  escolas de samba, da emoção das pessoas em ver por exemplo a Mangueira entrar, kk. Além dos cavalos, havia muitas crianças fantasiadas, o Incrível Hulk para elas tirarem fotos, serpentina no chão e alguns pernas-de-pau como é mostrado no vídeo abaixo.



Depois de muito andar, atravessamos a Porta del Popolo rumo a estação de metro Flaminio, sem nada de cerveja na cuca e entramos em um café que tocava a versão que o Black eyed Peas, fez para música "Mas que nada" de Jorge Bem. Esta música, mesmo numa versão que pode ser considerada outra música, foi nesta visita a Piazza del Popolo, a coisa mais próxima que tivemos do carnaval do Brasil. Mas, em resumo, nada melhor do que viver a Festa de Momo em suas mais variadas versões. E eu que sou chegada a estudar as variações do carnaval, adorei ver tudo isso. Ah, digo mais, não rolou cerveja neste dia, mas rolou muito vinho, mas quem vai contar as cenas do próximos capítulos do nosso carnaval será o correspondente Guilherme Patriota. Aguardem! bjs.

* boccato di cardinale - expressão italiana muito antiga, que quer dizer algo fora de série, muito bom, gostoso ou bonito.



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

La mia casa, la mia vita

Olá a todos.

Depois de sete dias em Roma finalmente conseguimos fechar nossa moradia definitiva por aqui - conseguimos cumprir nossa meta. Anteriormente, como havíamos informado (posts anteriores), tínhamos visitado alguns apartamentos compartilhados e dado quase como certa a nossa ida para o apartamento de nossa amiga Sílvia. No entanto, a ideia de termos privacidade não saia de nossas cabeças. Conseguimos! Alugamos um Studio/Estúdio que será divido apenas por nós dois (santa felicità!). É um lugar simples, arborizado e tranquilo: tudo que podíamos e queríamos.
O bairro é o EUR (Esposizione Universale di Roma), construído e concebido em ocasião da "Exposição Universal", que deveria ter ocorrido na celebração do 20º aniversário da "Marcha Sobre Roma" fascista de 1922. A exposição não aconteceu, mas o bairro foi concluído depois. Hoje o EUR é uma espécie de centro administrativo de Roma e da Itália, sendo sede de ministérios, bancos, museus e outros, além de moradias e tudo que um bairro normal possui.
Estamos muito felizes em poder concluir esta primeira etapa de nossa viagem, e gostaríamos de compartilhar com vocês que torcem por nós. Seguem, abaixo, alguns vídeos que mostram um pouco desta habitação.
Primeiro uma visão da Via Cristoforo Colombo (que cruza com a nossa Via, a Laurentina) e a Ciclovia, que se estende por todo o bairro (além do lindo bosque que ela possui).


Agora a primeira visão de nossa moradia a partir da parte suspensa da ciclovia, já na Via Laurentina.


Agora a moradia e a vizinhança.


Ai a entrada do Studio/estúdio.


A moradia por dentro.


A varanda e a parte externa ao quarto.



Ah, tem mais um detalhe da nossa moradia. No jardim da casa tem esse pé de limão siciliano lindo, vejam a foto dele:

Por Hora é isso família e amigos. abraços a todos e bom carnaval.

Como fazer o Permesso di Soggiorno per motivi di Studio



Ciao,
Pessoal, este post é para falar de coisas sérias, kkk. Verdade, agora vamos adentrar na burocracia italiana. Pode ser que para muitos de vocês este post seja chato, mais amigos eu sou uma pessoa solidária, e não quero ver nenhum estudante de doutorado que vem estudar na Itália envelhecendo 100 anos por causa deste tal mal falado Permesso di Soggiorno como eu envelheci. Então resolvi fazer este post para ajudar os estudantes que como eu deram vários googles na net e não encontraram muita coisa sobre este tipo de Permesso, ou seja, o per motivi di Studio. Em posts anteriores eu disse que o cidadão não italiano que vem para este país para ficar mais de três meses, ou seja, possui um visto, ele tem que dar entrada no Permesso di Soggiorno (Permisão de Estadia) até o 8º dia que ele chega aqui. Eu não sei bem o que acontece se não for feito até o 8º dia, as possíveis consequências (que eu li pelo google da vida) legais eu já expliquei no post anterior. 
Então vamos a prática do tal Permesso di Soggiorno per motivi di Studio. Vamos dividir em três fases esta maratona do Permesso.

1º PARTE - O estudante deve no primeiro momento reunir seus documentos originais e fotocópias de:

Passaporte original e fotocopia de todas as suas páginas inclusive capa e as folhas em branco; 
Original e fotocópia do recibo do seguro saúde com descrição do que seu seguro garante; 
Original e fotocópia do recibo da passagem área que conste ida e volta (com datas especificadas) para o Brasil; 
4 fotografias em formato Tessera; 
Um contrasegno telematico ou marca da bollo no valor de 14, 62 euros. 
A carta do seu orientador da Itália que afirma que você é uma studentessa invitata di dottorato. Esta carta deve ter o período em que você fará a pesquisa na Itália. A minha carta tem o carimbo do Consolato D'Italia em Recife. 
Cópia e original do Codice Fiscale - Isto é o CPF italiano. Pode ser tirado no Consulado da Itália no Brasil onde você deu entrada no seu visto. É gratuito. Este documento tem 16 dígitos entre letras e números. Para abrir uma conta no banco e receber sua bolsa é necessário ter o Codice Fiscale. Contudo li em alguns posts que ele não é necessário para dar entrada no Permesso. Não tenho certeza. 

OBSERVAÇÕES:
4 fotografias em formato Tessera - Este tipo de foto é tirada em máquinas dentro das estações de metrô em Roma. É como uma pequena cabine onde você senta, fecha a cortina e toca na tela que vai te dando as opções que você deseja. Com cinco euros a máquina revela para você sete fotos 3X4 e nove fotos no tamanho Passaporte (importante levar o dinheiro em moedas, pois o auto atendimento só se configura com as "pratinhas" - moedas de 1 e 2 euros). Vejam a foto abaixo da máquina que tira fotos no formato Tessera.
Contrasegno telematico ou marca da bollo - Isto nada mais é do que um selo que pode ser comprado em qualquer Tabacchi e custa 14,62 euros. Existem muitos Tabacchi em Roma, não se preocupem vocês irão encontrar um em alguma esquina. Estes estabelecimentos são identificados por uma placa com T maiúsculo na cor preta ou azul e branca. Vejam a foto abaixo do que é uma marca da bollo.
Pronto, primeira parte concluída.

2º PARTE - Você deve procurar no bairro que você mora uma Poste Italiane (Correios) que tenha o serviço Sportello Amico. Nem toda Poste tem o Sportello Amico. Eu mesmo fui na Poste do Termini e eles não ofereciam este serviço e então fui na Poste da Piazza Bologna. Chegando na Poste, você não precisará pegar fila, é só se dirigir ao caixa e solicitar o Kit Giallo. Este kit pode ser retirado gratuitamente. É nele que há o módulo que você irá preencher, juntar com os documentos acima citados e enviar para Questura. Não se preocupem a atendente conhece bem este processo e tem o endereço da Questura para onde seus documentos serão enviados e que você futuramente irá se apresentar - diferente de outras épocas, você sai da Poste com o dia, hora e local a se apresentar à Questura. Abaixo a foto do tão falado Kit Giallo. 
Dentro deste envelope vocês irão encontrar várias brochuras, são elas:
1- Infomativa Generale: 
Informações gerais sobre todas as modalidades de Permesso di Soggiorno, e números correspondentes para cada tipo. O Permesso di Soggiorno per motivi di Studio tem o número 24. 
2 - Brochura com várias informações citadas abaixo:
Tabella - Allegata n.1 (Codici Single Province) - ou seja são as siglas de cada Província da Itália. Exemplo: RM - Roma, Napoli - NA. 
Tabella - Allegata n.2 (Codici Motivi Richiesta Permesso/Carta di Soggiorno) - números equivalentes a cada tipo de Permesso, no meu caso di Studio, número 24. 
Tabella - Allegata n.3 (Codici Stato) - Siglas de vários países, como sou brasileira a sigla é BRA. 
Tabella - Allegata n.4 (Elenco Documenti Equipollenti al Passaporto) - tabela com números para cada tipo de documento equivalente ao passaporte. Como tenho o passaporte, neste item não marquei com X nada. 
Tabella - Allegata n.5 (Autorità che rilasciano documento equivalente al passaporto) - tabela com números equivalentes para cada tipo de emissão de passaporte. No meu caso, como na maioria de todos nós, quem emite o passaporte é o governo, então o código é 01. 
3 - Módulos - Dois módulos, um di Lavoro (para quem vai dar entrada no Permesso para trabalhar) que é o módulo nº 2, e o módulo nº 1 o que iremos preencher. Abaixo foto do módulo nº 01:

4 - Per la compilazione del "MOD. 209 - Modelli 1 e 2" - Brochura com informações de como preencher o Modulo I e Modulo II. Na última página há uma descrição dos documentos que a Questura irá solicitar:
O módulo nº 1 preenchido; 
Passaporte original e fotocopia de todas as páginas do passaporte inclusive capa e as folhas em branco; 
Original e fotocópia do recibo do seguro saúde com descrição do que seu seguro garante; 
5- Gente, vem um papel como o da foto abaixo que fica com a atendente da poste:
Ok, apresentado os documentos você irá preencher com caneta Preta o Módulo 01, com muita calma, paciência e ATENÇÃO. 
Vamos então ao preenchimento do Modulo 01:

Página 1 do módulo 1:

Al Signor Questore di: Questore di –––––– (Província que você mora).
Sigla Provincia: sigla da Província que você mora.
2 - Sezione 1- Dati della Richiesta:
3 - Cognome: seu sobrenome.
4 - Nome: seu nome.
5- Provincia di Domicilio: Sigla da Provincia que você mora. (exemplo: Roma - RM, Milano, ML).
6- Comune di Domicilio: Comune que você mora. (exemplo: Comune di Roma, Comune di Milano).
7 - Richiede il: Marque com X Rilascio (emissão) e marque a direita no nº 14 Permesso di Soggiorno. No número 16 coloque o número 24, corresponde ao tipo de Permesso que você está solicitando, ou seja, di Studio. 

OBS: Não preencher mais nenhum item da 2 - Sezione 1- Dati della Richiesta. 

21. Sezione 2 - Dati Sull'istanza Compilata:
22- Indicare quali moduli sono stati compilati: escreva 01.
23- Moduli I - marque um X.
25- Indicare numeri totale di fogli: (Deixe para que a atendente da Poste conte os números e ela mesmo preencha).
28- Data (Data de envio do Permesso na Poste. Preencha somente na Poste).
29- Firma (Deixe para assinar na Poste).

Pronto, primeira folha preenchida, vamos a segunda folha.

30 - Sezione 3 - Dati Anagrafici
31- Codice Fiscale - Número do seu CPF italiano. (Pode ser solicitado no Consulado no qual você requereu o visto). Não tenho certeza, mas já vi que não é necessário ter o Codice Fiscale para solicitar o Permesso. Mas como eu tinha coloquei. 
32- Stato Civile - A para solteiros, B para casados.
33- Sesso - M para homens, F para mulheres.
34- Nato il- Sua data de nascimento: Dia/Mês/Ano.
35- Codice Stato di Nascita - BRA de Brasil.
36- Codice Stato di Cittadinanza- BRA de Brasil.
37- Rifugiato: Marque um X em No. 
38- Citta di Nascita: Escreva cidade que você nasceu.
39 Sezione 4 - Dati di Identita (OBS: Pegue seu passaporte que terá todas as informações listadas abaixo)
40 - Passaporto - Marque X
44- Numero- Número do seu Passaporte.
45- Valido sino al - Validade do seu passaporte: Dia/Mês/Ano.
48- Data di ingresso in Italia - Data que você entrou na Itália.
49- Frontiera- Escrever o nome do país que você desembarcou na Europa antes de chegar a Itália.
50- Numero Visto - Pegue seu passaporte abra na página do seu visto e na parte de cima do lado esquerdo tem um número que começa com uma letra. Escreva neste campo, mas não coloque a primeira letra só os números. 
51- Tipo Visto - Está escrito no seu passaporte o seu tipo. O meu tipo foi a letra D.
52 - Ingresso singolo - X se for singolo, se não deixe em branco.
53 - Ingresso multiplo - X se for multiplo, se não deixe em branco.
54 - Annotazioni/Motivo del Visto di Ingresso - no nosso caso: Studio/Università.
55- Durata del Visto - tempo de seu visto.
56- Valido dal - Data de começo do seu visto.
57 - Sino al- Data que termina seu visto.

Pronto, segunda folha preenchida, vamos a terceira folha.

65 Sezione 7- Recapito in Italia del Richiedente (OBS: Na terceira folha você deve preencher somente na parte 65 Sezione 7- Recapito in Italia del Richiedente).
66 - Provincia - Sigla da Provincia que você mora. (exemplo: Roma - RM, Milano, ML).
67- Comune di Domicilio - Comune que você mora. (exemplo: Comune di Roma, Comune di Milano).
68 - Idirizzo - O nome da via (rua) que você mora.
69- Numero civico - o número da casa que você mora.
72- Cap - cep de onde você mora.
73 - Idirizzo e-mail: endereço de email.
74- Telefono fisso - número do telefone fixo se você tiver (é opcional).
75- Telefono cellulare in Italia - número do telefone celular se você tiver (é opcional).

PRONTO TERMINAMOS. NÃO PREENCHAM MAIS NENHUM CAMPO NEM FOLHA.

Depois de tudo preenchido, coloquem no envelope apenas o Modulo I e todas as fotocópias e a marca da bollo. NÃO LACREM O ENVELOPE. Leve os originais dos documentos, principalmente o Passaporte. Encontre uma Poste com Sportello Amico retire sua senha de atendimento (Sportello Amico) e espere. A atendente vai conferir seus documentos, preencher o campo que ficou em branco sobre o número de folhas. Em seguida você assina o Módulo. Ela vai inserir seus dados nos Sistema e você pagará 58,60 Euros. 

Ela lhe dará três papéis:

1- Um bolletino no valor de 28,60 Euros (27,50 + 1,10 pela transação).
2- Uma ricevuta fiscal com o endereço da Questura que você irá se apresentar.
3- Um papel com o número do seu protocolo, senha, data, hora e endereço da Questura que você deverá se apresentar.

3º PARTE - 
Finalmente chegou o dia (24/04/12) de minha apresentação a Questura que fica na Via T. Patini, 19. Tomei um susto quando coloquei no google maps este endereço porque é longe demais de minha casa. Então fui no site da Atac (onde você poderá pesquisar o meio de transporte e como chegar ao seu itinerário) e calculei meu percurso. A forma mais simples é pegar o metro linha B e parar na última estação Rebibbia. Chegando na estação na saída dobre a direita e pegue a linha de ônibus 437. A última parada é na Questura. Na volta pegue o mesmo ônibus na mesma fermata que desceu e pare em Rebibbia.

Você deverá levar a Questura:
1- Um bolletino no valor de 28,60 Euros (27,50 + 1,10 pela transação);
2- Uma ricevuta fiscal com o endereço da Questura que você irá se apresentar;
3- Um papel com o número do seu protocolo, senha, data, hora e endereço da Questura que você deverá se apresentar;
4- 4 fotos tessera coloridas com fundo branco;
5-  passaporte original;
6- Todos os originais das cópias que você colocou dentro do envelope na Poste.

Chegando na Questura, pegue a fila de apresentação que é organizada de acordo com o horário que você deve se apresentar. Você irá passar pelo detector de metais, e em seguida receberá o envelope que você postou na Poste. Em seguida irão lhe chamar. O funcionário da Questura analisará seus documentos, tirará suas impressões digitais e lhe entregará um novo boleto de pagamento que pode ser pago na Poste, que no meu caso foi de 80 reais. Você assinará alguns papéis, e  te darão o número do fax para você enviar o comprovante de pagamento. Depois ela informa que com 45 dias depois do pagamento você receberá seu Permesso de  Soggiorno. Pegarei o meu na Questura perto da minha casa.


Bem pessoal espero que este post ajude a outros estudantes que estão vindo morar na Itália. Queria também colocar aqui dois links de blogs que me ajudaram a entender o Permesso di Soggiorno, são eles: http://www.minhasaga.org/2008/07/fazendo-o-permesso-di-soggiorno.html e http://morarnaitalia.blogspot.com/2010/02/permesso-di-soggiorno.html

Há mais um recadinho, este foi o jeito que fiz e deu certo, mas esta história do Permesso é tão complexa que você poderá encontrar outros depoimentos com versões distintas. Outra coisa não sou especialista nisto, então deixo aqui uma outra dica:

Li no blog 

http://morarnaitalia.blogspot.com/2010/02/permesso-di-soggiorno.html que no Sportello Immigrati (ou Sportello informativo per stranieri) eles ajudam a preencher o Permesso. Procure o da sua Comune - eu não tive como ir.

bjs e até breve.