quarta-feira, 2 de maio de 2012

Firenze in una giornata piovosa


O dia 14 de abril de 2012 foi o dia escolhido por nós para visitarmos Firenze (Florença) na região da Toscana, aqui na Itália. Dentre as diversas possibilidades para se chegar a “dama da lâmpada” (apelido dado a cidade por causa da utilização de iluminação com lâmpadas durante tratamento de feridos de guerra – guerra da Criméia) o trem nos pareceu a mais charmosa e nele embarcamos. Para evitar problemas e, também, devido ao nosso tempo curto, compramos nossos bilhetes em uma agência de viagens, observando que assim poderíamos obter um desconto, mesmo pagando a taxa de agenciamento (comprar o bilhete até dois dias antes do embarque dá direito a desconto na ida e na volta). Saímos de Roma no trem da 07h e 15 min que vai para Milão, um trem super confortável e rápido, e chegamos a Firenze as 08h e 45 min, percorrendo 230 quilômetros em uma hora e meia (para otimizar o tempo, optamos por ir em um trem rápido – mais caro – e voltar em um trem mais lento, com mais paradas – mais barato).




(João foi nosso companheiro de viagem a Firenze)

Considerada uma das mais belas cidades do mundo, Firenze (ou Florença em nosso português) tem origem em um antigo povoado Etrusco e foi governada pela família Médici dos séculos XV ao XVIII. É considerada a primeira capital mundial da moda e, também, o berço do Renascimento italiano. Seu filho mais célebre é Dante Alighieri, autor do marco universal da literatura “Divina Comédia” e também um dos responsáveis por influenciar na origem da moderna língua italiana (outro grande personagem florentino é Cimabue, um dos últimos grandes pintores da tradição bizantina que acabou por descobrir os talentos de Giotto). Com cerca de 371.000 habitantes, Firenze é a maior cidade e a capital da região da Toscana e serviu de cenário para diversos artistas do Renascimento como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Giotto, Botticelli, Rafael Sanzio, Donatello e outros mais. Ainda, é conhecida pela grande variedade de belas catedrais em estilos diversos e por ser cidade natal de seis Papas: Leão X, Clemente VII, Clemente VIII, Leão XI, Urbano VIII e Clemente XII.

(Simbolo da cidade - baseado no Lírio de Florença)





Ao chegarmos na estação de trens de Firenze, que está localizada em espaço bem central da cidade, fomos logo, sem perder tempo, em busca da tão famosa Galeria degli Uffizi, pois segundo a lenda a fila seria quilométrica, ainda mais por nós termos escolhido, estrategicamente, o dia 14 de abril por fazer parte da semana dos museus da Itália, na qual todos os museus estatais são gratuitos. A manhã estava chuvosa, e já sabíamos que não iria parar de chover, segundo a previsão do tempo, mas também não poderíamos esperar, pois o objetivo era claro: Galeria degli Uffizi. Amigos a história da fila quilométrica não era apenas invenção, era real. Ficamos duas horas e quarenta minutos em pé, na fila, até podermos adentrar aquele espaço museológico tão desejado, mas valeu a pena (aguardem post específico da grandiosa Galeria degli Uffizi).









Depois de duas horas e quarenta minutos na fila e mais duas horas dentro da galeria, saímos de lá com uma fome de comer um boi vivo, mas também já sabíamos o que comer: a tão famosa Bistecca fiorentina acompanhada de um bom chianti (vinho italiano produzido na Toscana). Quase em frente a Galeria estava ali, parada, a Trattoria Buzzino, um restaurante daqueles tradicionais italianos que a família compartilha a cozinha e o atendimento – aqui na Itália nada pode ser melhor para se alimentar – e na porta o anuncio nos convidava: Bistecca Fiorentina! Pois bem, entramos, fomos recebidos pela “mama” e pedimos um spaghetti como primeiro prato, uma bisteca (acreditem uma só bisteca serve quatro pessoas bem avisadas, pois o que eles dizem ser só pra um é esta mesma, serve os quatro), uma salada e um “Galestro Chiantigiane” (vinho da região da Toscana). Foi o bastante para não aguentarmos a sobremesa.









Saímos de lá com um bom peso a mais e demos continuidade a nossa caminhada. Depois da trattoria, foi a vez da Piazza dela Signoria, um espaço fabuloso, cheio de esculturas e muita gente, mesmo na chuva. Lá pudemos ver lindos trabalhos e a arquitetura fascinante daquelas construções. A piazza é o centro de Firenze, a sede do poder civil e, junto com o Palazzo Vecchio, é o coração da vida social da cidade. Esta localizada na parte central da Firenze medieval e tem seu formato em L. As estátuas da Piazza representam um ciclo secular de verdade alegórica, não sendo apenas decoração, e serviriam de inspiração para os governantes em seu caminho para o Palazzo Vecchio. Estas estátuas representam ciclos de governantes, dinastias, a República Fiorentina, a política, a mitologia e outros temas inspiradores para os governantes. Algumas destas esculturas, como o David de Michelangelo, foram substituídas por réplicas dados os seus valores históricos e financeiros, sendo resguardados em espaços museológicos mais adequados para salva guarda e proteção. Os principais escultores representados são: Michelangelo, Donatello, Benvenuto Cellini, Baccio Bandinelli, Vicenzo Rossi, Bartolomeu Ammannati e Giambologna.







Saindo da Piazza, e desta aula de história da arte que ela nos proporciona, foi a vez da não menos famosa ponte Vecchia, que corta o rio Arno. Tínhamos muita vontade de conhecer esta ponte, pois ela foi cenário de um filme que adoramos, “Perfume”, além de ser fonte de criação para diversas histórias, textos e filmes. A Ponte Vecchia tem formato de arco medieval e acredita-se ter sido construída ainda na Roma Antiga, originalmente em madeira, mas foi destruída nas cheias do Arno no ano de 1333 e novamente construída em 1345, graças ao projeto de Taddeo Gaddi. Ela sempre abrigou mercadores que apresentavam suas mercadorias sobre bancas e até hoje é famosa pela quantidade de lojas que abriga, principalmente joalherias. Dentre as principais histórias que circulam quanto a ponte Vecchia, gostaríamos de destacar duas: Primeiro, segundo os historiadores, o surgimento do termo “bancarrota” teria suas origens nesta velha ponte, diz-se que quando os mercadores não conseguiam pagar suas dividas, a mesa (banco) era quebrada (rotto) pelos soldados, e esta prática era chamada de “bancorotto”, estava ai a origem da palavra; E a outra é que, durante a segunda guerra mundial, durante a invasão alemã, existiram ordens especificas do próprio Hitler para os soladados alemães não danificarem nada da Ponte Vecchia, se sabe lá por que. Ficamos lá por um tempo, observando, fotografando e filmando, mas não poderíamos perder muito tempo, pois no processo de viagem econômica teríamos apenas aquele dia ali para conhecermos o máximo possível.







Ao sair da ponte Vecchia, fomos ao Palazzo Pitti. O palazzo Pitti constitui um complexo de museus e galerias (Galeria Palatina, Galeria de Arte Moderna, Museu do Traje, Apartamentos Reais, Museu do Prata e Museu da Porcelana) que serve de complemento histórico da arte em relação as três dinastias governantes de Firenze: Médici, Lorena e Savoy. Infelizmente o mau tempo (chuva) e o pouco tempo não nos permitiu olhar tudo que queríamos neste espaço, mas paciência, não?



Do Pitti, demos uma caminhada pelas ruas da cidade, observando os artistas de rua e aquela incrível quantidade de turistas que circulavam pelas ruas, mesmo com a chuva, parecia até Roma em qualquer dia do ano (digo isso por que em Roma, turista, na expressão mais nordestina e brasileira, “é boia” a qualquer dia e hora).  Caminhando mais encontramos a Basílica di Santa Maria dei Fiore, uma visão linda, colorida, cheia de detalhes para quem gosta de apreciar arquitetura, ficamos abismados e logo tentamos entrar no batistério. Digo, tentamos, pois o vigilante não nos deixou entrar. Ficamos parados um pouco e observamos que outras pessoas estavam entrando normalmente, então voltamos lá e tentamos novamente. No entanto, o vigilante fez uma cara tão italiana pra gente ao nos ver ali de novo, que optamos por sair e entrar logo na basílica sem tentar outra vez ver o danado do batistério (“Eita jeitinho italiano da Mulesta!”). A Basílica di Santa Maria dei Fiore é a catedral de Firenze, foi inciada sua construção em 1296 no estilo gótico, com o projeto de Arnolfo di Cambio e só se completou estruturalmente em 1436 com sua cúpula projetada por Filippo Brunelleschi. Seu exterior é policromado em painéis de mármore com diversos tons de verde e rosa delimitados por brancos, e tem uma elaborada fachada neogótica do século 19 elaborada por Emilio De Fabris. O complexo da catedral, localizada na Piazza del Duomo, inclui ainda o batistério e o Campanário de Giotto, e os três edifícios fazem parte do Patrimônio Mundial da UNESCO. A Basílica é uma das maiores igrejas da Itália e é a maior cúpula de tijolos já construída pela humanidade. Pois bem, entramos na basílica, observamos tudo e continuamos nosso passeio pelas ruas de Firenze.







Durante esse passeio o Campanário se apresentou pra gente, parecia nos chamar, mas de forma irônica, e nós aceitamos. Ficamos curiosos, queríamos ver Firenze de uma dimensão diferente, de cima, mas não imaginávamos que seria tão de cima, do alto. Entramos, perguntamos se o Campanário fazia parte da semana dos museus e a recepcionista nos informou que não. Perguntamos quanto custava (6 euros) e quantos degraus nós subiríamos. Ela nos informou que não sabia ao certo, mas achava que era uns 80 (oitenta). Pensamos: - oitenta, tudo bem, aguentamos! Santa ignorância, se observássemos direitinho de fora, com atenção aos detalhes, notaríamos que oitenta degraus deveria ter a primeira escada. Pois bem, compramos os ingressos começamos a subir, pensando nos oitenta degraus. Quando chegamos ao primeiro piso, já cansados, observamos a ironia, a pegadinha: lá informava que a subida completa possuía 481 degraus – quase que rolamos de escada a baixo, mas continuamos. Rindo, rindo e subindo, sempre que parávamos para descansar, e não foram poucas vezes, a frase saia da boca: “- Aquela mulher, ao invés de cobrar, deveria nos pagar para subir estas escadas. Isto deve ser uma espécie de penitência”. Depois de subir, subir e achar que não chegava nunca, ou que não conseguiríamos alcançar o topo de tanto cansaço, ou já pensando na descida, encontramos o topo do Campanário. Amigos vale a pena! É uma visão linda em 360º (trezentos e sessenta graus) da cidade que faz com que o cansaço suma e que você desça feliz até demais – ludibria o cansaço uma bela visão.









Ao sairmos do Campanário, fomos apreciar o café da Toscana no Opera Caffe` (esgotados, vejam a foto abaixo) e caminhar mais pela cidade, observando as tão conhecidas igrejas, o Duomo (outra vez), praças, estátuas e ruas da cidade. 




Passamos em frente de alguns dos outros espaços museológicos (são mais de 50) e nos encaminhamos para a estação de trens novamente, pois já estava chegando a hora de nossa partida. 





Diríamos que um dia, ou dois dias, não são suficientes para explorar Firenze por completo, pois a cidade, mesmo pequena, tem muito a se explorar, mas para quem planeja algo específico, como foi o nosso caso, é possível escolher e observar o suficiente desta bela cidade.





Aguardem os posts específicos de Firenze e os próximos das viagens a Pompéia e Caserta.
Abraços para todos.

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