Ciao
No terceiro dia de nossa viagem a
Paris saímos sozinhos, mais uma vez, e o primeiro ponto de visitação foi o
bairro boêmio de Montmartre. Lá passamos pelo antigo prédio do Moulin Rouge,
pela casa que moraram Van Gogh e Theo Van Gogh, pela Basílica Sacré-Coeur, pelo
Museu de Arte Naif Max Fourny – Halle Saint Pierre, além das ruas, lojas –
destaque para nós foram as lojas de instrumentos musicais, são várias –, feiras
ambulantes - que existem por todos os lados - e os grafites que estão por toda
parte do bairro.
Montmartre
Bairro boêmio de Paris,
Montmartre é uma colina que desde o tempo dos gauleses se destina aos cultos.
Seus nome, provavelmente, se deve aos mártires cristãos torturados e mortos no
local por volta do ano 250. Consagrada por São Dionísio, a colina tornou-se na
idade média local de peregrinação e, em 1133, passou ao domínio dos monges
beneditinos, que lá cultivavam uvas para produção de vinho – até hoje isso
acontece por lá. Sua posição estratégica, principalmente a visual, transformou
Montmartre, por vezes, em centro de comando militar e também, a partir de 1860,
em ponto de encontro de artistas e intelectuais, graças a sua famosa e animada
vida noturna (artistas como Degas, Monet, Cézanne, Van Gogh, Renoir e
Tolouse-Lautrec frequentavam e criavam o clima literário do bairro). Até hoje o
bairro continuam sendo frequentado e utilizado por artistas em suas ruas, além
dos turistas e vendedores ambulantes que são de grande número. No topo da
colina encontra-se a Basílica do Sagrado Coração.
Moulin Rouge
Fundado em 1889, o Moulin Rouge é
um tradicional cabaré de Paris construído por Josep Oller, antigo proprietário
do Paris Olympia, e está situado na zona de Pigalle, Boulevard de Clichy, pé de
Montmartre. Símbolo emblemático da noite parisiense, o cabaré possui uma
história rica ligada a boemia francesa, aos seus famosos frequentadores e aos
grandes espetáculos que apresentava – na verdade até hoje acontecem. Imortalizado
por Hollywood e por um dos seus frequentadores mais assíduos, Henri de
Toulouse-Lautrec, o Moulin Rouge é imitado (ao menos no nome) por clubes, salas
de espetáculos e bares em todo o mundo.
Casa de Van Gogh
Vincent Van Gogh
e Theo Van Gogh residiram em Paris no bairro de Montmartre, primeiro na Rue
Victor Massé (ao que tudo indica) e depois mudaram-se para um apartamento maior
na Rue Lepic 54. Por estar em Montmartre, Van Gogh teve facilidade para
circular no meio artístico e conhecer artistas como John Peter Russell, Émile
Bernard e Henri Toulouse-Lautrec. Lá ele também conheceu uma de suas paixões, o
Absinto, bebida de alto teor alcóolico (em média 68%) que era muito utilizada
por artistas da época por causar, em casos de muito consumo, alucinações
“positivas”.
Basílica Sacré-Couer
Localizada no ponto mais alto de
Paris, e de Montmartre, local também onde foi criada a Companhia de Jesus
(Jesuítas) em 1534 por Santo Inácio de Loyola, São François Xavier e outros, e
local do martírio de Saint Denis (Primeiro bispo de Paris) e de seus
companheiros, está a Basílica de Sacré-Couer, que foi projetado pelo arquiteto
Paul Abadie – alguns dizem que a sua construção teria sido uma forma de pedir
perdão, pois a França estava em guerra com a Alemanha e também vivia uma
relação desgastada com o Vaticano e atribuía tudo como sendo um castigo de
Deus; Mas para outros, sua construção foi simplesmente um pagamento de promessa
feita por Alexandre Legentil e Hubert Rohault de Fleury pela sobrevivência as
investidas do exército alemão. Sua construção teve inicio em 1875 e só foi
totalmente concluída em 1914, sendo em 1919 consagrada como Basílica e se
transformando em local de amplas peregrinações e em um dos locais mais
visitados de Paris. Seguindo as diretrizes arquitetônicas romano bizantina,
possui um formato de cruz grega com quatro cúpulas e tem um sino de três metros
de altura que pesa aproximadamente 26 toneladas – sabe-se que a arquitetura
desta basílica influencio outros edifícios religiosos do século XX. Para chegar
a Basílica temos três possibilidades: Subir pelas escadarias frontais; Subir
pelo Funicular (transporte por cabo e carris de tração elétrica para cargas e
passageiros ao longo de encostas); Ou subir por trás da colina por suas ruas
curvas e inclinadas. Além de linda a Basílica proporciona uma visão incrível
panorâmica de boa parte de Paris e de todo o Montmartre.
Museu de Arte Naif Max Fourny – Halle Saint Pierre
Fundado em 1986 pelo editor e
colecionador Max Fourny o “Musée d`Art Brut et d`Art Singulier”, no centro
cultural Halle Saint Pierre (local de funcionamento de um mercado do século XIX
em Montmartre), abriga uma galeria, uma livraria, um auditório e um café, e
apresenta exposições temporárias de arte folclórica, arte naïf e arte marginal
- Consta, em alguns sites, que Fourny, para formar a coleção, oferecia livros
que havia editado aos artistas em troca de suas obras, comprometendo-se a
expô-las e não vende-las. O Museu oferece, além de seu acervo com mais de 600
obras, saraus poéticos e literários, festivais de cinema, espetáculos para
crianças, conferências, debates, colóquios e outras manifestações culturais.
Depois de curtir muito Montmartre
(almoçamos por lá mesmo após tudo) nos encaminhamos para regiões mais centrais
da cidade. O transporte escolhido por nós, outra vez, foi o metrô – sim, e o
trem quase todas as vezes para voltarmos a casa de Débora -, pois é mais rápido
e prático. A dica é ficar atento as suas carteiras e objetos de valor que
possam estar de bobeira, pois em Paris (já pensaram?) existem pessoas
especializadas em pequenos roubos urbanos sim – fomos alertados várias vezes
por nossos amigos e encontramos várias plaquinhas, como a da foto abaixo, nos
alertando para ter cuidado com os batedores de carteira; Ainda, fomos abordados
umas três ou quatro vezes por golpistas, que ficam sobre as pontes da cidade,
com um tal de truque do anel (senhoras, geralmente, chegam a sua frente com um
anel de ouro jogado ao chão e começam a dialogar com você como se tivessem
acabado de achar aquele anel ali, perdido, e indagando se o mesmo é seu.
Segundo nossos amigos este é o principio do golpe que visa tirar o máximo de
você, mas como já sabíamos da história nem parávamos para ver onde tudo aquilo ia
chegar).
Pois bem, pegamos o metrô e fomos
para a Bastille (bastilha), Pompidou, passando depois na Igreja de São Eustáquio,
pelo comércio (com uma paradinha em um bom café, é claro) e depois, outra vez,
no Louvre para tirar aquela foto tradicional com a mão sobre uma das pirâmides.
Bastille
Construída como “Bastião de
Saint-Antoine” – portal de entrada do bairro de Saint-Antoine -, durante a
Guerra dos Cem anos por Carlos V da França, a Bastille (Bastilha) ficou mais
conhecida por ter sido uma prisão (do século XVII ao XVIII) e pelo evento
histórico conhecido como “Queda da Bastilha” em 14 de julho de 1789 (um dos
fatos mais importantes da Revolução Francesa). Reformada (entre 1370 e 1383),
tornou-se fortaleza de defesa do lado leste de Paris e após a guerra começou a
ser utilizada como prisão pela realeza. No ano de seu evento mais conhecido, em
14 de julho de 1789, foi totalmente demolida, e hoje é a conhecida Praça da
Bastilha, local símbolo da esquerda francesa e ponto de encontro das
manifestações sindicais do país – além de abrigar uma feira de quinta a domingo
e ter grandes características de espaço público popular.
Pompidou
Inaugurado em 1977, e projetado
por Renzo Piano e Richard Rogers (ambos nascidos na Itália), o Centro Nacional
de Arte e Cultura Georges Pompidou nasceu da ideia do Presidente (que tem o
mesmo nome Georges Pompidou) de criar uma instituição cultural inteiramente
dedicada a arte moderna e contemporânea no coração de Paris. Com espaços para
exposições, teatro, música, filmes, livros e para a palavra falada o Pompidou é
uma peça icônica de arquitetura do século XX que foi renovada entre os anos de
1997 e 1999, sendo reinaugurado em 2000, com seus espaços museológicos
expandidos e suas superfícies e recepção melhoradas. Hoje este é uma das
atrações mais visitadas da França com cerca de 6 milhões de visitantes ao ano,
tendo mais de 190 milhões de visitas registradas nos seus mais de trinta anos
de vida (o Centro Pompidou está localizado na área de Beaubourg do 4º distrito
de Paris).
Igreja de São Eustáquio
A Igreja de Saint Eustache foi
construída entre 1532 e 1640, e é uma das igrejas mais importantes de Paris,
pois foi a paróquia real do século XVII até a Revolução Francesa. Vários
eventos importantes estão em sua história, desde os batismos de Molière e
Poisson, passando pela primeira comunhão de São Luis XIV aos funerais de La
Fontaine, da mãe de Mozart e vários outros (ainda é o local onde estão
sepultados vários importantes sujeitos da história francesa). Mas, além de sua
incrível arquitetura e de sua imponente função paroquial já citada, Saint
Eustache e conhecida e reconhecida pela sua tradição musical, graças ao
fantástico órgão que possui e aos concertos de Berlioz, Franck, Liszt e tantos
outros (a partir de 1963, Jean Guillou, virtuoso e improvisador representante
da música moderna para órgão, tornou-se o organista titular) – A Eglise Sainta
Eustache fica na 2, Rue du Jour, 75001, Paris.
Saindo do Louvre, passeamos um
pouco pelas margens do Rio Sena e então fomos a Saint-Germain-des-Prés visitar
livrarias e ver o animado bairro que encanta a todos com seus cafés, bares e
restaurantes famosos. Então, com a noite já bem adiantada, nos encaminhamos
para a casa de Débora e Kiko para o descanso do penúltimo dia e para a
preparação para o longo e último dia de nossa viagem a Paris. Mas, como nada é
fácil em nossa vida de viajantes aventureiros de baixo custo, tivemos um
pequeno probleminha em nossa volta pra casa, explico. Todos os dias que
voltamos para casa, até este instante, tínhamos voltado com Débora, pois
passávamos no seu trabalho, geralmente as 7 da noite, e íamos com ela de volta.
Mas, neste dia, tínhamos passado muito do horário e nossa amiga tinha também um
compromisso particular de trabalho depois do expediente, então teríamos que
encarar a volta sozinhos. Eles moram em Courbevoie, uma comuna muito próxima do
centro de Paris, mas precisávamos pegar um trem na Gare Saint-Lazare, que não
é, com certeza, uma das menores estações multi-transporte de Paris, para chegar
ao destino. Pois então, descemos do metrô em Saint-Lazare, e saímos tranquilos,
acreditando já estar “amestrados” no caminho que dava na estação de trens, engano
nosso. Começamos a descer, descer, ai chegou um escadaria e paramos,
refletimos, olhamos uma placa e confundimos RER com Train, e seguimos o
percurso errado. E descíamos, descíamos, até que chegamos em uma estação de
trens que realmente não era a que queríamos. Paramos para refletir, e o cansaço
de um dia super cheio de aventuras nos tira a reflexão normal, e notamos que o
trem que pegávamos era de superfície e não de profundidade como o que víamos a
nossa frente. Então voltamos, e subíamos, subíamos, subíamos e nada.
Conseguimos chegar ao ponto inicial de nossa entrada, mas continuávamos
confusos, então perguntamos a atendente do metrô como deveríamos fazer para
chegar a estação de trens que ia para Courbevoie, e ele bem simples nos disse:
“- É só sair da estação, atravessar a rua e entrar na estação ai da frente”.
Pois bem, a estação é tão enorme, e tem tantas passagens subterrâneas, que é
possível você entrar de uma para outro, por cima ou por baixo, sem se quer
perceber. Atravessamos a rua e conseguimos encontrar a estação e o último trem
para Coubervoie. Ao chegar na casa dos amigos, os mesmos já estavam muito
preocupados, pelo horário avançado, e tinham um surpresa nos esperando:
Escargot e champagne. Nossa, foi mais um presente de nossos amigos que recebem
as pessoas como poucos. Depois de nos perdermos na estação, foi a vez de nos
perdermos nas comidas e bebidas francesas, acompanhadas de uma ótima conversa em
boa companhia.
O último dia de nossa passagem
pela França, foi dedicada única e exclusivamente ao Museu D`Orsay – para nós o
melhor em termos de exposição, em objetividade museológica e com um conteúdo
incrível: dos impressionistas franceses a uma enorme quantidade de obras de
Vincent Van Gogh (aguardem post específico sobre o Museu D`Orsay). Chegamos lá
as 11hs, enfrentamos uma fila de mais ou menos quarenta minutos (isso numa
terça-feira) e aproveitamos o quanto podíamos.
Saindo do D`Orsay, voltamos a
Porte Maillot e pegamos o ônibus para o aeroporto. Voamos de volta a Roma e,
outra vez, ouvimos os aplausos dos italianos quando o avião pousou sem
problemas na pista do Ciampino – diga-se de passagem uma aterrissagem incrível,
uma das melhores que já vimos, quase não percebemos o avião tocar o chão. Pois
bem amigos, esta foi nossa viagem de luz e arte pela capital francesa. (Agradecemos demais a Débora e Kiko por tudo).
Ciao e até o próximo post.
Abraços para todos.