sexta-feira, 29 de junho de 2012

La Tavernetta 48: un angolo italo-brasiliano




Ciao

Voltando as indicações culinárias, hoje deixaremos para vocês uma ótima dica de restaurante aqui em Roma: Trata-se do La Tavernetta 48. Para quem está em Roma e ainda não se acostumou com o tipo de atendimento que recebe nos restaurantes aqui da cidade (dizem que Roma é o único lugar do mundo em que o cliente não tem razão nunca) este realmente é uma exceção. O La Tvernetta 48 é um restaurante de comidas típicas italianas com administração e funcionários, em sua totalidade, brasileiros que tem a mão apurada de sua chefe, o ótimo atendimento ao cliente e o valor justo pago pela refeição como seus principais atrativos. Visitamos quatro vezes este estabelecimento e nunca saímos de lá arrependidos. Com espaços interno (36 lugares com duas salas climatizadas) e externo (24 lugares) é possível aproveitar ótimos pratos italianos, acompanhados de um bom vinho, ou uma boa cerveja para quem preferir, ouvindo uma boa música no coração de Roma, porém em uma área inacreditavelmente tranquila. 



Com cardápio bem variado, inclusive modificado diariamente, e de ótimo visual, o La Tavernetta 48 serve entradas, menu de massas, menu de carnes e peixes e uma variedade de saladas adequados para deixar qualquer cliente satisfeito – afirmamos de experiência própria e sem propagandas desnecessárias (ainda, se serve vinho da casa e um ótimo café para os apreciadores). 













Administrado há anos pela família Lavoratti, família esta que o patriarca migrou para o Brasil no Pós-guerra e que seus filhos, e agora também netos, retornaram a Roma, La Tavernetta 48 mescla simplicidade e requinte culinários numa área privilegiada da cidade, e, não nos cansamos de dizer, proporcionando para todos nós um tipo de atendimento que é completamente diferente do normal romano. Portanto, se estiver em Roma e quiser degustar uma boa comida, com um bom vinho em um cantinho ítalo-brasileiro, La Tavernetta 48 é o lugar.






La Tavernetta 48 fica na Via degli Spagnoli, 48, Roma (Próximo ao Pantheon, a Piazza Navona e a Piazza delle Coppelle). Telefone: (39) 0668192591. Email: roma@latavernetta48.com

Abraços para todos e até o próximo post.

domingo, 24 de junho de 2012

Parigi: un cammino di luce e arte (Parte II)



Ciao


No terceiro dia de nossa viagem a Paris saímos sozinhos, mais uma vez, e o primeiro ponto de visitação foi o bairro boêmio de Montmartre. Lá passamos pelo antigo prédio do Moulin Rouge, pela casa que moraram Van Gogh e Theo Van Gogh, pela Basílica Sacré-Coeur, pelo Museu de Arte Naif Max Fourny – Halle Saint Pierre, além das ruas, lojas – destaque para nós foram as lojas de instrumentos musicais, são várias –, feiras ambulantes - que existem por todos os lados - e os grafites que estão por toda parte do bairro.

Montmartre


Bairro boêmio de Paris, Montmartre é uma colina que desde o tempo dos gauleses se destina aos cultos. Seus nome, provavelmente, se deve aos mártires cristãos torturados e mortos no local por volta do ano 250. Consagrada por São Dionísio, a colina tornou-se na idade média local de peregrinação e, em 1133, passou ao domínio dos monges beneditinos, que lá cultivavam uvas para produção de vinho – até hoje isso acontece por lá. Sua posição estratégica, principalmente a visual, transformou Montmartre, por vezes, em centro de comando militar e também, a partir de 1860, em ponto de encontro de artistas e intelectuais, graças a sua famosa e animada vida noturna (artistas como Degas, Monet, Cézanne, Van Gogh, Renoir e Tolouse-Lautrec frequentavam e criavam o clima literário do bairro). Até hoje o bairro continuam sendo frequentado e utilizado por artistas em suas ruas, além dos turistas e vendedores ambulantes que são de grande número. No topo da colina encontra-se a Basílica do Sagrado Coração.










Moulin Rouge

Fundado em 1889, o Moulin Rouge é um tradicional cabaré de Paris construído por Josep Oller, antigo proprietário do Paris Olympia, e está situado na zona de Pigalle, Boulevard de Clichy, pé de Montmartre. Símbolo emblemático da noite parisiense, o cabaré possui uma história rica ligada a boemia francesa, aos seus famosos frequentadores e aos grandes espetáculos que apresentava – na verdade até hoje acontecem. Imortalizado por Hollywood e por um dos seus frequentadores mais assíduos, Henri de Toulouse-Lautrec, o Moulin Rouge é imitado (ao menos no nome) por clubes, salas de espetáculos e bares em todo o mundo.


Casa de Van Gogh

Vincent Van Gogh e Theo Van Gogh residiram em Paris no bairro de Montmartre, primeiro na Rue Victor Massé (ao que tudo indica) e depois mudaram-se para um apartamento maior na Rue Lepic 54. Por estar em Montmartre, Van Gogh teve facilidade para circular no meio artístico e conhecer artistas como John Peter Russell, Émile Bernard e Henri Toulouse-Lautrec. Lá ele também conheceu uma de suas paixões, o Absinto, bebida de alto teor alcóolico (em média 68%) que era muito utilizada por artistas da época por causar, em casos de muito consumo, alucinações “positivas”.







Basílica Sacré-Couer


Localizada no ponto mais alto de Paris, e de Montmartre, local também onde foi criada a Companhia de Jesus (Jesuítas) em 1534 por Santo Inácio de Loyola, São François Xavier e outros, e local do martírio de Saint Denis (Primeiro bispo de Paris) e de seus companheiros, está a Basílica de Sacré-Couer, que foi projetado pelo arquiteto Paul Abadie – alguns dizem que a sua construção teria sido uma forma de pedir perdão, pois a França estava em guerra com a Alemanha e também vivia uma relação desgastada com o Vaticano e atribuía tudo como sendo um castigo de Deus; Mas para outros, sua construção foi simplesmente um pagamento de promessa feita por Alexandre Legentil e Hubert Rohault de Fleury pela sobrevivência as investidas do exército alemão. Sua construção teve inicio em 1875 e só foi totalmente concluída em 1914, sendo em 1919 consagrada como Basílica e se transformando em local de amplas peregrinações e em um dos locais mais visitados de Paris. Seguindo as diretrizes arquitetônicas romano bizantina, possui um formato de cruz grega com quatro cúpulas e tem um sino de três metros de altura que pesa aproximadamente 26 toneladas – sabe-se que a arquitetura desta basílica influencio outros edifícios religiosos do século XX. Para chegar a Basílica temos três possibilidades: Subir pelas escadarias frontais; Subir pelo Funicular (transporte por cabo e carris de tração elétrica para cargas e passageiros ao longo de encostas); Ou subir por trás da colina por suas ruas curvas e inclinadas. Além de linda a Basílica proporciona uma visão incrível panorâmica de boa parte de Paris e de todo o Montmartre.










Museu de Arte Naif Max Fourny – Halle Saint Pierre


Fundado em 1986 pelo editor e colecionador Max Fourny o “Musée d`Art Brut et d`Art Singulier”, no centro cultural Halle Saint Pierre (local de funcionamento de um mercado do século XIX em Montmartre), abriga uma galeria, uma livraria, um auditório e um café, e apresenta exposições temporárias de arte folclórica, arte naïf e arte marginal - Consta, em alguns sites, que Fourny, para formar a coleção, oferecia livros que havia editado aos artistas em troca de suas obras, comprometendo-se a expô-las e não vende-las. O Museu oferece, além de seu acervo com mais de 600 obras, saraus poéticos e literários, festivais de cinema, espetáculos para crianças, conferências, debates, colóquios e outras manifestações culturais.







Depois de curtir muito Montmartre (almoçamos por lá mesmo após tudo) nos encaminhamos para regiões mais centrais da cidade. O transporte escolhido por nós, outra vez, foi o metrô – sim, e o trem quase todas as vezes para voltarmos a casa de Débora -, pois é mais rápido e prático. A dica é ficar atento as suas carteiras e objetos de valor que possam estar de bobeira, pois em Paris (já pensaram?) existem pessoas especializadas em pequenos roubos urbanos sim – fomos alertados várias vezes por nossos amigos e encontramos várias plaquinhas, como a da foto abaixo, nos alertando para ter cuidado com os batedores de carteira; Ainda, fomos abordados umas três ou quatro vezes por golpistas, que ficam sobre as pontes da cidade, com um tal de truque do anel (senhoras, geralmente, chegam a sua frente com um anel de ouro jogado ao chão e começam a dialogar com você como se tivessem acabado de achar aquele anel ali, perdido, e indagando se o mesmo é seu. Segundo nossos amigos este é o principio do golpe que visa tirar o máximo de você, mas como já sabíamos da história nem parávamos para ver onde tudo aquilo ia chegar).


Pois bem, pegamos o metrô e fomos para a Bastille (bastilha), Pompidou, passando depois na Igreja de São Eustáquio, pelo comércio (com uma paradinha em um bom café, é claro) e depois, outra vez, no Louvre para tirar aquela foto tradicional com a mão sobre uma das pirâmides.











Bastille

Construída como “Bastião de Saint-Antoine” – portal de entrada do bairro de Saint-Antoine -, durante a Guerra dos Cem anos por Carlos V da França, a Bastille (Bastilha) ficou mais conhecida por ter sido uma prisão (do século XVII ao XVIII) e pelo evento histórico conhecido como “Queda da Bastilha” em 14 de julho de 1789 (um dos fatos mais importantes da Revolução Francesa). Reformada (entre 1370 e 1383), tornou-se fortaleza de defesa do lado leste de Paris e após a guerra começou a ser utilizada como prisão pela realeza. No ano de seu evento mais conhecido, em 14 de julho de 1789, foi totalmente demolida, e hoje é a conhecida Praça da Bastilha, local símbolo da esquerda francesa e ponto de encontro das manifestações sindicais do país – além de abrigar uma feira de quinta a domingo e ter grandes características de espaço público popular.



Pompidou




Inaugurado em 1977, e projetado por Renzo Piano e Richard Rogers (ambos nascidos na Itália), o Centro Nacional de Arte e Cultura Georges Pompidou nasceu da ideia do Presidente (que tem o mesmo nome Georges Pompidou) de criar uma instituição cultural inteiramente dedicada a arte moderna e contemporânea no coração de Paris. Com espaços para exposições, teatro, música, filmes, livros e para a palavra falada o Pompidou é uma peça icônica de arquitetura do século XX que foi renovada entre os anos de 1997 e 1999, sendo reinaugurado em 2000, com seus espaços museológicos expandidos e suas superfícies e recepção melhoradas. Hoje este é uma das atrações mais visitadas da França com cerca de 6 milhões de visitantes ao ano, tendo mais de 190 milhões de visitas registradas nos seus mais de trinta anos de vida (o Centro Pompidou está localizado na área de Beaubourg do 4º distrito de Paris).













Igreja de São Eustáquio


A Igreja de Saint Eustache foi construída entre 1532 e 1640, e é uma das igrejas mais importantes de Paris, pois foi a paróquia real do século XVII até a Revolução Francesa. Vários eventos importantes estão em sua história, desde os batismos de Molière e Poisson, passando pela primeira comunhão de São Luis XIV aos funerais de La Fontaine, da mãe de Mozart e vários outros (ainda é o local onde estão sepultados vários importantes sujeitos da história francesa). Mas, além de sua incrível arquitetura e de sua imponente função paroquial já citada, Saint Eustache e conhecida e reconhecida pela sua tradição musical, graças ao fantástico órgão que possui e aos concertos de Berlioz, Franck, Liszt e tantos outros (a partir de 1963, Jean Guillou, virtuoso e improvisador representante da música moderna para órgão, tornou-se o organista titular) – A Eglise Sainta Eustache fica na 2, Rue du Jour, 75001, Paris.











Saindo do Louvre, passeamos um pouco pelas margens do Rio Sena e então fomos a Saint-Germain-des-Prés visitar livrarias e ver o animado bairro que encanta a todos com seus cafés, bares e restaurantes famosos. Então, com a noite já bem adiantada, nos encaminhamos para a casa de Débora e Kiko para o descanso do penúltimo dia e para a preparação para o longo e último dia de nossa viagem a Paris. Mas, como nada é fácil em nossa vida de viajantes aventureiros de baixo custo, tivemos um pequeno probleminha em nossa volta pra casa, explico. Todos os dias que voltamos para casa, até este instante, tínhamos voltado com Débora, pois passávamos no seu trabalho, geralmente as 7 da noite, e íamos com ela de volta. Mas, neste dia, tínhamos passado muito do horário e nossa amiga tinha também um compromisso particular de trabalho depois do expediente, então teríamos que encarar a volta sozinhos. Eles moram em Courbevoie, uma comuna muito próxima do centro de Paris, mas precisávamos pegar um trem na Gare Saint-Lazare, que não é, com certeza, uma das menores estações multi-transporte de Paris, para chegar ao destino. Pois então, descemos do metrô em Saint-Lazare, e saímos tranquilos, acreditando já estar “amestrados” no caminho que dava na estação de trens, engano nosso. Começamos a descer, descer, ai chegou um escadaria e paramos, refletimos, olhamos uma placa e confundimos RER com Train, e seguimos o percurso errado. E descíamos, descíamos, até que chegamos em uma estação de trens que realmente não era a que queríamos. Paramos para refletir, e o cansaço de um dia super cheio de aventuras nos tira a reflexão normal, e notamos que o trem que pegávamos era de superfície e não de profundidade como o que víamos a nossa frente. Então voltamos, e subíamos, subíamos, subíamos e nada. Conseguimos chegar ao ponto inicial de nossa entrada, mas continuávamos confusos, então perguntamos a atendente do metrô como deveríamos fazer para chegar a estação de trens que ia para Courbevoie, e ele bem simples nos disse: “- É só sair da estação, atravessar a rua e entrar na estação ai da frente”. Pois bem, a estação é tão enorme, e tem tantas passagens subterrâneas, que é possível você entrar de uma para outro, por cima ou por baixo, sem se quer perceber. Atravessamos a rua e conseguimos encontrar a estação e o último trem para Coubervoie. Ao chegar na casa dos amigos, os mesmos já estavam muito preocupados, pelo horário avançado, e tinham um surpresa nos esperando: Escargot e champagne. Nossa, foi mais um presente de nossos amigos que recebem as pessoas como poucos. Depois de nos perdermos na estação, foi a vez de nos perdermos nas comidas e bebidas francesas, acompanhadas de uma ótima conversa em boa companhia.





O último dia de nossa passagem pela França, foi dedicada única e exclusivamente ao Museu D`Orsay – para nós o melhor em termos de exposição, em objetividade museológica e com um conteúdo incrível: dos impressionistas franceses a uma enorme quantidade de obras de Vincent Van Gogh (aguardem post específico sobre o Museu D`Orsay). Chegamos lá as 11hs, enfrentamos uma fila de mais ou menos quarenta minutos (isso numa terça-feira) e aproveitamos o quanto podíamos. 









Saindo do D`Orsay, voltamos a Porte Maillot e pegamos o ônibus para o aeroporto. Voamos de volta a Roma e, outra vez, ouvimos os aplausos dos italianos quando o avião pousou sem problemas na pista do Ciampino – diga-se de passagem uma aterrissagem incrível, uma das melhores que já vimos, quase não percebemos o avião tocar o chão. Pois bem amigos, esta foi nossa viagem de luz e arte pela capital francesa. (Agradecemos demais a Débora e Kiko por tudo).

Ciao e até o próximo post.

Abraços para todos.